Mãe denuncia ataque racista contra filho de 11 anos em escola de Criciúma
Ela contou ao ND+ que os episódios ocorreram em sala de aula e a direção não tomou medidas efetivas

Uma mãe denunciou um episódio de violência contra o filho de 11 anos no interior de uma escola municipal em Criciúma, no Sul catarinense. Segundo ela, o adolescente foi chamado de macaco e também presenciou uma saudação nazista. Ambos os ataques teriam sido praticados por um colega de 12 anos.
Conforme a mãe Daniela David, os episódios aconteceram no mês passado na Escola Municipal Serafina Milioli Pescador, localizada no bairro Operária Nova. O primeiro, de acordo com ela, foi registrado no dia 16 de agosto, enquanto o filho conversava sobre varíola dos macacos com cinco colegas e uma professora na sala de aula.
“Um menino disse que estavam matando um monte de macaco porque eles estavam transmitindo a doença. Um colega disse que isso era mentira e que eles não transmitiam. Foi quando um outro menino disse assim para o meu filho: ‘Que bom, assim não vamos precisar te matar”, conta a mãe.
Segundo ela, dois dias depois esse mesmo garoto, que teria 12 anos, colocou um papel na boca com o desenho de um bigode e fez uma saudação nazista, dizendo “Hi, Hitler”.
“Eu fiquei sabendo disso só no sábado. Meu filho me chamou para conversar e disse para eu não ficar brava, porque ele tinha tentado bater num colega e me relatou tudo isso”, revela.
Daniela diz ainda que procurou a direção da escola na segunda-feira para cobrar uma atitude.
“Pedi que chamassem os pais desse garoto para conversar, porque isso é inadmissível, dentro e fora de uma sala de aula. Eles [os responsáveis] até me chamaram para uma conversa, mas não aceitei. Não tinha estrutura para isso e não é com uma simples desculpa que se resolve, não é como, por exemplo, pisar no pé de alguém e pedir desculpas”, afirma.
A mãe registrou um boletim de ocorrência e denunciou a situação ao Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial. “Não é um caso isolado. Duas meninas sofreram injúria racial. E um outro menino também foi chamado de macaco. Sinto que a escola não toma medidas mais efetivas”, comenta.
A reportagem procurou a Secretaria de Educação de Criciúma que preferiu não se manifestar sobre o assunto. O ND+ também entrou em contato com a Dpcami (Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso) para saber sobre a investigação a respeito dos ataques.
O delegado Fernando Pagani Possamai, que assumiu a delegacia no dia 1º deste mês, informou que o caso possivelmente já foi encaminhado para o cartório para a oitiva das partes e investigação. O procedimento deve ocorrer em sigilo.
Fonte: ND+