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Nova denúncia contra governador por uso do Arcanjo-06

Deputados foram à tribuna na Alesc e afirmaram que uso de aeronave pelo governador teria deixado criança sem o devido deslocamento de saúde; governo alega “fake News”



O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (Republicanos) teria utilizado um avião-ambulância, na última segunda-feira (18), para “fins políticos” em visita a Caçador, e, por isso, uma criança teria ficado sem meio de locomoção adequado a partir da cidade para atendimento em Florianópolis. A denúncia partiu dos deputados Bruno Souza (Novo) e Jessé Lopes (PL), durante sessão na Alesc (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina), nesta quarta-feira (20). O governo estadual prontamente rebateu as acusações, chamando-as de fake news.


“O fim dela não é levar políticos para eventos políticos e sim atender pessoas. Nós tínhamos um bebê precisando de transporte. Quem precisa provar o desvio de finalidade que não afetou ou deixou de atender o bebê é o governo. Nós temos de um lado o desvio de finalidade e a criança que não usou e foi de ambulância por seis horas até o hospital”, disse o deputado Bruno Souza em contato com o ND+.


Jessé Lopes e Bruno Souza referiam-se ao caso de um bebê de três meses vítima de agressão por um casal de cuidadores e que deu entrada no Hospital Maicé.


De acordo com a denúncia, o hospital teria solicitado auxílio para localizar um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para o bebê alertando que “o paciente está muito grave e em situação de comoção muito delicada”.


De acordo com nota encaminhada pelo deputado Jessé Lopes, o Estado teria informado que o Arcanjo 6 dos Bombeiros de Santa Catarina estava “em missão” na região onde o caso aconteceu, mas que estava impossibilidade de realizar o atendimento.


Lopes afirmou ainda que a equipe do seu gabinete verificou o diário de bordo da aeronave e constatou que nela estariam o governador Carlos Moisés, deputada Paulinha, deputado Valdir Cobalchini, o chefe da Casa Civil, Juliano Chiodelli, e assessores.


A reportagem do ND+ entrou em contato com a assessoria do governo estadual que afirmou não ser capaz de confirmar na noite desta quarta-feira a autenticidade dos documentos de diário de bordo apresentados pelos deputados, mas que o faria nesta quinta-feira (21).


“A SES esclarece que o avião estava em uso pelo governador, mas, conforme informação médica, a ação não impediu a remoção por via aérea, mas ocorreu por via terrestre dada à instabilidade do quadro clínico do paciente”, conclui o governo estadual.


Ainda de acordo com a equipe de comunicação do governo estadual, o governador cumpriu agenda em Rio das Antas e Videira na segunda, onde vistoriou obras como na SC-135.


O coordenador médico do Grau (Grupo de Resposta Aérea de Urgência), Bruno Barros, negou que a equipe teria recebido a solicitação de transferência do bebê através da aeronave.


“Nesse dia, não houve nenhuma solicitação de TAM [Transporte Aeromédicos] para o referido paciente”, esclarece Bruno Barros. Ele reforçou ainda que afirmou que as aeronaves este tipo de aeronave não é configurada para missões primárias ou secundárias com pacientes críticos, que estão em risco de morte iminente, mas para pacientes estáveis.


Completou que também não tinha equipe médica de saúde disponível.Bruno Barros ressalta ainda que durante o transporte da vítima pela Ambulância de Suporte Avançado (USA), o paciente sofreu três paradas cardiorrespiratórias e teve a chance de ser reanimada, manobra que não poderia ser feita dentro do avião, por exemplo.


A reportagem do ND+ também conversou com um profissional do Hospital Maicé – que preferiu não se identificar – e ele confirmou a solicitação de transferência via regulação, sistema que procura o leito de acordo com o diagnóstico. No entanto, este profissional não soube confirmar se foi solicitada a transferência através da aeronave.


Governo de SC rebate acusações e as chama de fake news


Por meio de nota também na tarde desta quarta-feira, o governo estadual classificou a afirmação dos dois deputados estaduais durante a sessão da Alesc como fake news.

O comunicado afirma que “repudia a exploração política irresponsável de dramas humanos por alguns parlamentares”.


Ainda de acordo com o governo estadual, a Justiça atestou ser absolutamente legítimo o uso do avião pelo governador. “Esse uso só ocorre quando não há qualquer outra demanda”, esclarece. Registros de voos detalham uso de arcanjo em 2022.


Este não é o primeiro episódio envolvendo o uso do Arcanjo 6 por parte do governador, que tem sido questionada desde março por opositores.


Conforme os dados obtidos pelo Grupo ND, até 18 de março de 2022, a aeronave foi utilizada pelo menos 20 vezes no ano de 2022 para o transporte de autoridades.


Em 2021, a aeronave foi utilizada por autoridades 52 vezes. Os registros de voos também mostram o uso para a finalidade prioritária da aeronave: o transporte de pacientes.


Em 2021, o avião foi utilizado 67 vezes para apoio à Secretaria de Estado da Saúde e, em 2022, foram 20 vezes.Na época, o governo do Estado afirmou que nenhum paciente deixou de ser atendido pelo serviço aeromédico em Santa Catarina.


“A ilação feita em redes sociais de que o transporte de uma criança deixou de ser realizado para dar prioridade a uma viagem do governador é falsa e apresenta claro interesse político-eleitoral”, esclareceu o governo estadual na época.


Veja a nota do governo de SC na íntegra sobre o caso do bebê denunciado nesta quarta-feira (20):


Fake news: É falso que criança agredida em Caçador foi transportada para Florianópolis de ambulância porque aeronave estaria em uso


É falsa a afirmação proferida por dois deputados estaduais, durante sessão na Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira, 20, segundo a qual um bebê de três meses de idade, vítima de espancamento na cidade de Caçador, foi transferido de ambulância para Florianópolis porque o avião Arcanjo 6 estaria em uso pelo governador.


O governo do Estado lamenta e repudia a exploração política irresponsável de dramas humanos por alguns parlamentares.


De acordo com Bruno Barros, coordenador médico do Grupo de Resposta Aérea de Urgência (GRAU), além de não ter chegado nenhuma solicitação para transporte aéreo do bebê, a gravidade do caso não permitiria esta opção.


“As aeronaves são preparadas para o transporte de pacientes em situação grave, mas com quadros estáveis. Elas não possuem configuração para atendimentos emergenciais como era a situação do bebê”, frisa Barros.


O coordenador médico ressalta ainda que durante o transporte da vítima pela Ambulância de Suporte Avançado (USA), o paciente sofreu três paradas cardiorrespiratórias e teve a chance de ser reanimado, manobra que não poderia ser feita dentro do avião, por exemplo. O bebê chegou com vida ao Hospital Infantil Joana de Gusmão.


Aeronaves do BOA


O Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) presta serviços de transporte aeromédico, por avião, e de atendimento a emergências, por helicóptero, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, em iniciativa pioneira no país. Essas aeronaves também fazem outras missões, como resgates, combate a incêndios, transporte de vacinas, monitoramento de queimadas, entre outras.

Desde o início da gestão, em 2019, o governador disponibilizou o avião (Arcanjo 02), utilizado por ele, para uso integrado com o serviço aeromédico. Além disso, alugou um segundo avião (Arcanjo 06) para uso aeromédico, garantindo a prestação do serviço se houver indisponibilidade do primeiro (por exemplo, em caso de manutenção). Ou seja, a relação entre uso pela autoridade máxima do Estado e prioridade à saúde é inversa à sugerida pelas falsas informações.


Fonte: ND+

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